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Agfintech e startups de biotecnologia do Cocriagro têm maioria feminina entre seus colaboradores

Diferente do que se vê em outros ecossistemas de inovação e áreas de tecnologia, algumas startups do agro, principalmente ligadas à pesquisa e biotecnologia, já tem predominância de mulheres entre seus colaboradores. No hub Cocriagro, que também conta com 70% de mulheres em seu quadro de pessoal, três agtechs se destacam. Essa realidade é fruto de oportunidades equalitárias, com práticas de ESG saindo do discurso e indo para a prática. Tendo assim mais mulheres nas equipes e em cargos de liderança. Dessa forma, melhorando o potencial competitivo dos negócios, reduzindo preconceitos e aumentando o poder de inovação nas empresas.

Protagonismo feminino

Tatiana Fiuza, head de inovação do Cocriagro conta que esse cenário não foi intencional. “Fizemos o recrutamento e seleção da mesma forma para ambos os gêneros. Mas, ouvindo da equipe que ingressou, pesou muito para que elas se candidatassem o fato de ter uma mulher liderando o time.”

Ela destaca que o atendimento do time feminino é um diferencial no hub. “Além disso, é importante ressaltar que vemos ainda poucas mulheres na área de inovação e agro. De certa forma, ter uma equipe predominantemente feminina ajuda a mostrar para outras mulheres que esse é um campo de trabalho possível”, enfatiza Tatiana.

Mulheres na biotecnologia

Na Bioin Biotecnologia, de oito colaboradores, seis são mulheres (75%). A startup desenvolve e comercializa produtos biológicos para controle de pragas e doenças na agricultura. Para Camila Vargas, doutora em fitotecnia e diretora da Bioin Biotecnologia, a área de biotecnologia conta com muitas profissionais mulheres, o que aumenta a probabilidade de a equipe ter maioria feminina. “Um ponto importante, é que a maior parte da nossa operação ocorre em ambiente de laboratório, onde as profissionais mulheres tendem a serem mais detalhistas e metódicas, características importantes para o desenvolvimento de produtos biológicos”.

Camila explica que é crescente mulheres com altos graus de formação, em programas de mestrado e doutorado nas áreas de biotecnologia, biologia e agronomia. “Essas profissionais são muito importantes no desenvolvimento de produtos em laboratório e isso com certeza contribui para a maioria de nossa equipe ser feminina.”

Por outro lado, tem aumentado o número de produtoras rurais e gestoras de negócios agrícolas entre os clientes da agtech. “Acredito que, de certa forma, muitas delas se sintam representadas em adquirir produtos de uma empresa predominantemente feminina. Muitas vezes ouvimos de nossos clientes, homens e mulheres, para conversarem com as gurias da Bioin sobre problemas de manejo de pragas na agricultura.”

O potencial de um time diverso

A MS Bioscience oferece serviços personalizados de análises químicas, com  ferramentas avançadas e bioinformática. A startup conta com 75% de mulheres entre suas pesquisadoras.

Carla Porto Mae , doutora em ciência e diretora da MS Bioscience  explica que ainda há pouca representação feminina em áreas STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), especialmente em cargos de liderança e técnicos. “A presença de mulheres liderando inspira outras mulheres a buscarem seu espaço. Além disso, uma cultura de trabalho que valoriza a diversidade de pensamento e perspectivas desperta interesse. Sendo fundamental para uma empresa inovadora e que quer ser bem-sucedida.”

Para Carla, ter uma equipe de mulheres em uma startup de base tecnológica pode ser muito vantajoso. Pois traz perspectivas diferentes e habilidades diversas para resolver problemas de forma criativa e abrangente. “As mulheres geralmente são muito boas em se comunicar e colaborar, o que pode levar a uma cultura de trabalho positiva e amigável.”

Liderança feminina

Mariana Bonora, CEO da  Bart Digital, conta que o time da agfintech é enxuto e muito eficiente, composto de 26 pessoas, das quais 18 são mulheres. A startup tem como objetivo agilizar a formalização de títulos e garantias agrícolas e a busca de dados para análise de crédito. “Acredito que eu ser CEO e mulher naturalmente atraia mais candidatas para as vagas que abrimos. Além disso, mesmo nos meus trabalhos anteriores, sempre observei muito a dinâmica corporativa e conseguia identificar situações em que algum viés inconsciente poderia estar influenciando a análise de competência ou resultados femininos. Com isso, hoje tento afastar estes fatores nos processos seletivos da Bart.”

Outro fator que certamente contribui é a flexibilidade de horário e local que concedem a todos cujo cargo não exija atividade em horário comercial. “Isso, por exemplo, nos permitiu atrair excelentes profissionais que são mães e pais de crianças pequenas e precisariam fazer alguma pausa para levá-las à escola ou cuidar do almoço. Ter uma equipe diversa e com a cara do cliente certamente nos ajuda ser mais eficazes na criação de soluções”, finaliza Mariana.